segunda-feira, agosto 16, 2004

Sobre a Educação

Antes de mais, e para poderem perceber este post, têm que ler (na íntegra, de preferência), este artigo.

Depois disso feito, vou deixar algumas considerações.
Não, não discordo dela, não discordo das opiniões que já partilho há muito, mas há que discernir aqui algumas coisas, de forma a que também não se cometam injustiças para os poucos que procuram ainda aplicar-se nas nossas escolas. Em primeiro lugar, os fundos que a Educação recebe são, de facto insuficientes. Não nos podemos esquecer que usufruem destes fundos tanto os que trabalham como os que não trabalham, especialmente no que se trata de infra-estruturas e material de apoio. Considere-se também que o que aocntece é uma grande falta de sapiência na atribuição dos fundos. Porque não institucionalizar, por exemplo, uma bolsa de mérito também a partir do 5º ano? Esta não pretende aumentar o sucesso escolar (esqueçam lá essa demagogia, por favor - quem não consegue estudar, não consegue, ponto final!) mas sim recompensar quem de facto se esforça.
Em segundo lugar, o stress existe, é real, mas pode ser dividido em dois tipos: o stress de quem não trabalha e depois, quando chega a altura das avaliações, fica perturbado pelo mau resultado; e o stress de quem trabalha, a quem é exigido muito mais do que aos outros e que, no fim, são (mal) avaliados pela mesma escala que os outros...

Eu poderia alargar-me sobre isto, mas penso que, fora isto, o artigo daquela Professora mostra bem a realidade do Ensino Portguês.

Prometeu

2 Comments:

Blogger Manuela Vaz said...

Há muito a dizer sobre o assunto "ensino".

Posso dizer, em primeiro lugar, que já existem bolsas de mérito. Mas apenas podem chegar a elas os alunos carenciados. Ou seja, o mérito vai logo por água abaixo... eu tenho uma filha que terminou o 12º ano com média de 185,5. Nunca teve bolsa de mérito, bastando para isso que eu seja funcionária pública, e por isso mesmo a minha declaração de IRS seja honesta, mesmo sendo divorciada e tendo 3 filhos a cargo... (e mais não preciso de dizer).. e pelas mesmas razões, ela não vai ter bolsa de estudo na Faculdade.. e este é um caso entre milhares.

Podemos falar agora das condições dentro de uma escola.
As turmas são, no mínimo, de 24 alunos. Mas normalmente andam mais pelos 27/28 alunos. Nas salas de aula continua a haver simplesmente carteiras, cadeiras, uma mesa e uma cadeira para o professor, e um quadro preto e giz. Muitas vezes o quadro preto é de tão fraca qualidade que, com o reflexo da luz que entra pelas janelas, não se consegue ler nada do que lá se escreve.
E depois temos o frio no Inverno, e o calor no Verão...
Será que realmente há condições de trabalho nas escolas, ou querem voltar ao tempo da outra senhora?

E ainda temos as pressões subtis que são exercidas sobre os professores para que não se reprovem alunos. Acreditem que é mais fácil subir a Torre dos Clérigos ao pé coxinho, e sempre no mesmo pé, do que reprovar um aluno no Ensino Básico...

Isto são apenas ideias soltas...

Há muito a mudar no "Ensino". A primeira coisa a mudar é considerar-se que se INVESTE e não que se GASTA. Uma nuance que muda todo o sentido ao dinheiro que se utiliza...

(desculpa lá que isto já parece um post!)

12:30 AM  
Blogger Daniel Cardoso said...

Mas são comentários assim que eu gosto! Eu já sabia dessas bolsas, mas isso não é uma bolsa de mérito, isso é algo inclassificável porque assenta em dois criérios ao mesmo tempo - ser pobre e bom aluno é mais recompensado do que não ser pobre e ser bom aluno. Para além do mais, os critérios que avaliam as necessidades financeiras devem ajustar-se a outro planeta, porque para este não servem. O seu exemplo é suficiente!

Em primeiro lugar, parabéns à sua filha. Excelente média, especialmente na fase do ensino que atravessamos (e acredite que sei do que estou a falar, sei muito bem, talvez mais do que queria...).
Em segundo lugar, esse facilitismo e as pressões (que, a propósito, de subtis não têm nada) fazem com que os tais investimentos se transformem em GASTOS. Ou fariam, se esses gastos sequer existissem. A loucura da poupança atingiu as escolas de uma forma tão brutal que se assemelha horrivelmente a um racionamento de guerra! Daí as más condições.

Vá comentado, M.!

Prometeu

1:25 AM  

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