quinta-feira, julho 22, 2004

Senhor Presidente Que-Pensa-Que-Manda-Na-Europa

Sim, o Cherne continua alegremente a sua escapadela europeia, enquanto que nós, por cá, continuamos os nossos ordálios...
Ainda bem que Durão Barroso se julga isento de responsabilidades no tocante à crise política que se abateu agora sobre Portugal! Mas, se não foi por causa dele, por que terá sido?! Não foi ele que fugiu, não foi ele que deixou uma situação que não lhe agradava muito para ir conquistar o prestígio e a fama lá fora? É claro que também podemos imputar o nosso grande Presidente Jorge Sampaio! Mas, afinal de contas, que bateu em retirada primeiro foi ele, portanto, é a ele que as culpas devem ser apontadas. (Não me interpretem mal, ele não fazia lá nada de jeito... o meu espanto não é a saída, mas sim a tentativa de desresponsabilização.)

O mais interessante agora, será notar que Durão Barroso vai defender os interesses de Portugal na Europa através do seu cargo, ao mesmo tempo que mantém a sua imparcialidade, segundo o próprio afirma. Ele referiu também que agora está naquele cargo alguém que pensa "como a maioria dos portugueses"! Muito bem...
Pequena lição de História: Portugal está na União Europeia apenas para ser espezinhado pelos interesses dos grandes países, não tendo qualquer expressão política real que lhe permita defender os seus interesses, quaisquer que sejam. É por isso que Portugal procura sempre uma posição alinhada (aos mais fortes) para conseguir vingar, a não ser quando são os mais fortes que tramam Portugal, e nesse caso, Portugal limita-se a remeter-se ao silêncio. Para além disso, o conceito de imparcialidade num cargo europeu não existe: todo o governo é feito tendo em conta os interesses oligárquicos de certas elites (neste caso, certos países). Senão basta olhar para o Pacto de Estabilidade - muito estável até deixar de interessar que assim se mantivesse (também neste caso Portugal teve sorte, porque conseguiu colar-se aos interesses de outros países). Ainda mais, Portugal sempre teve de se submeter aos interesses de Espanha, principalmente, e se fosse verdade que Durão Barroso iria conseguir uma influência sensível, muitos países se revoltariam por ter um dos pequenos a liderar. Mas estes apoiam-no! Porquê? Porque sabem muito bem que podem controlar Portugal! Porque todos estes cargos de faz-de-conta são ocupados por quem não tem mais nada que fazer e por quem não pode fazer nada! Durão Barroso, com a sua elasticidade ideológica, será bem moldado pelos interesses que se põem acima dele, acima de Portugal! Então, para quê continuar com as balelas do costume? Quem iria acreditar que Portugal alguma vez iria ter uma voz forte na Europa? Aparentemente há quem acredite: aparentemente há quem apoie esta deserção. Assim, o Senhor Presidente Que-Pensa-Que-Manda-Na-Europa tenta mais uma vez enganar os seus compatriotas... e mesmo os deputados europeus... Deplorável, não é? Será que alguém lhe consegue alumiar aquela cabeça??

Prometeu