segunda-feira, janeiro 24, 2005

Esparsos

Um novo blog nesta nossa comunidade, uma nova fonte de inspiração para quem gosta de sonhar com as palavras e que gosta que elas o levem para outra dimensão para além daquela que está em nós e à nossa volta.

Esparsos.

Prometeu

sábado, janeiro 15, 2005

De olhos postos em nenhures - parte 2

Eu tinha toda a intenção de ter continuado o post sobre o Harry e a suástica, mas entretanto meteu-se a questão do voto... Agradeço ao Vítor Alvito por ter comentado o post.

Em verdade vos digo que o que me interessava naquele caso não era, de todo, a suástica ou o Harry, ou as duas coisas juntas. Queria eu que se reparasse em dois ou três factos muito interessantes. Primeiro, o facto de as acções dos papparazzi ser aceite socialmente, muito embora toda a gente esteja muitíssimo preocupada em conservar a (sua) vida privada intacta e sem mexericos; segundo, o facto de ele andar com um disfarce de nazi ter que significar que estava a apoiar o nazismo; terceiro: que a grande sociedade inglesa, defensora dos pobres e oprimidos (*mais um ataque compulsivo de tosse*) tenha ainda a necessidade (bem demonstrativa do espírito ocidental) de ter acima de si alguém superior, alguém impecável no sentido etimológico da palavra, que se apresente como modelo perfeito e acabado, alguém para além da simples humanidade.

O problema é que este terceiro ponto vem chocar de frente com o primeiro. Os papparazzi vêm apenas mostrar aquilo que qualquer pessoa razoável já sabe: que qualquer líder, seja ele quem for, é irremediavelmente humano. Assim, a sociedade fica num paroxismo terrível ao nível moral e de poder: tem que criticar o seu modelo inquestionável para que ele esteja acima de qualquer crítica. A confusão é tanta que as reacções são multiplicadas por mil quatrocentos e setenta e nove vezes e meia aquilo que poderia ser considerada uma reacção proporcional, resultando nisto: rios de tinta e horas de emissão televisiva gastas por causa de um... disfarce numa festa privada!

Aplaudam, senhores, que isto é que é jornalismo internacional...

Prometeu

sexta-feira, janeiro 14, 2005

Ene coisas: A minha declaração de não-voto

Ene coisas: A minha declaração de não voto

Tendo em conta o acima mencionado post, que faz ligação com estoutro, estou tentado a dizer que a situação tem que ser mais demoradamente debatida. A vista exposta no "Ideias Soltas" tem a sua razão de ser, sem dúvida: a recusa de participação no acto eleitoral acaba por ter mais força do que o voto em branco, ou plo menos é uma participação de um outro nível, mas isso seria conquanto a abstenção fosse, tal como o voto em branco de Saramago, "iluminado".
A verdade é que os altos níveis de abstenção não são deste tipo, mas sim por culpa da inacção e do laxismo dos portugueses (e não só). E muito embora o "Ideias soltas" fale na quantidade de informação ao nosso dispôr, esquece que essa informação carece muitas vezes de "instruções" ou de background que a torne inteligível.
Por fim, esse mesmo facto resulta nisto: o poder político pode muito bem amalgamar o não-voto de preguiça com o não-voto de protesto e tratar ambos como se existisse apenas o primeiro, diminuindo a eficácia da dita acção. Nao nos podemos esquecer que a abstenção em massa é considerado como um sintoma de uma democracia mais amadurecida. (*Ataque compulsivo de tosse.*)

Por seu lado, o voto em branco não tem uma possível segunda leitura, nem uma explicação de ignorância o pode realisticamente justificar - afinal de contas, os votos por ignorância são muitas vezes resultado do caciquismo, e este é sempre partidário. O voto em branco envolve a participação no sistema mas de uma maneira que se pode considerar lesiva ao sistema.
Não obstante, não quero que me interpretem mal: o não-voto seria de facto muitíssimo mais eficaz, e mesmo mais em consonância com aquilo que eu considero que deveria ser feito em termos de política, mas seria num enquadramento diferente, ou então acompanhado de uma declaração de voto geral (caso todos esses votos fossem de facto iluminados, coisa que não são nem de perto nem de longe). Não se dando o caso, o não-voto perde a eficácia.

(Tudo isto a partir de um post do Tadechuva, este.)

Prometeu

quinta-feira, janeiro 13, 2005

De olhos postos em nenhures


Ele tinha uma braçadeira nazi numa festa privada. Mas quem o critica: uma monarquia! Um país que já se fartou de gozar com o nazismo vem dizer a viva voz que não se pode gozar com o nazismo. E, sub-repticiamente, que invadir a privacidade é uma coisa aceitável. Consegue-se perceber porquê?

Não deve ser para perceber, pois não?

Prometeu