segunda-feira, novembro 29, 2004

Blogs e reality shows

Por muito distantes que estas duas realidades pareçam, existe um ponto que une ambas. São formas de exposição do sujeito a outros sujeitos, são maneiras alargadas de comunicação que subvertem de certa forma a direcção do modelo foucaltiano de panoptismo. Se o costume é a sociedade vigiar os seus membros (situação que passa até mesmo por uma vigilância mútua e por uma vigilância interiorizada - moral e/ou super-ego freudiano), nestes dois casos, é o sujeito que se expõe à observação de forma quase compulsiva, extravasando e, por vezes (no caso dos blogs)/sempre (no caso dos reality shows) fazendo com que o espaço privado se funda com o espaço público.

Existem, não obstante, diferenças que levam a que a comunidade blogger tivesse tido uma reacção tão alérgica - plenamente justificada, na minha opinião - a adventos como Big Brother e Quinta das Celebridades.
Em primeiro lugar, o blog pressupõe e quase instaura como cânone um certo grau de anonimidade, que terá de ser entendido como anonimidade em relação à persona que escreve. Isto é, mesmo que todos os meus dados apresentados on-line sejam o mais fiéis possível, nunca existe a certeza por parte dos leitores que isto assim seja de facto. Esta criação de um alter-ego, de um quase avatar, de (mais) uma extensão do sujeito acaba por retirar precisamente o foco do sujeito e fazê-lo incidir na mensagem veiculada. Mais concretamente, apelando ao universo bloguístico de Portugal, a supremacia vai sem dúvida para os blogs de cariz mais crítico e não para certo tipo de «diários on-line», o que ajuda a que este factor se consolide. Afinal de contas, quem não conhece o livro "1984" e o modelo do Grande Irmão? É preciso que se tenham gostos de Direita para sequer pensar em perder tempo a ver um programa (e seus descendentes) que esteja tão claramente identificado com um horrível mecanismo de controlo (panóptico, neste caso). Ao mesmo tempo, o facto de existir tais programas vem criar uma espécie de "alerta" para duas coisas - o modelo super-panóptico está tão divulgado que uma fracção deste é não só aceite como desejado; esse mesmo desejo vem demonstrar que não existe a percepção do próprio funcionamento do modelo super-panóptico por parte do geral da sociedade. É interessante (e ao mesmo tempo, desgostante, claro) ver que se considera como "entretenimento" uma forma de supressão da individualidade. Porquê supressão da individualidade? Porque o modelo panóptico tem como um dos objectivos a normalização dos sujeitos segundo modelos pré-estabelecidos. O Big Brother é um exemplo, se bem que efémero, de como isto é verdade: quem está a ser filmado torna-se um modelo, um padrão, que muitos acabam por, consciente ou inconscientemente, seguir. E tal como no caso das telenovelas, já anteriormente repudiadas por mim, as situações que surgem num programa desse género são de tal maneira ficcionadas e deslocadas da realidade que quase se justifica uma aplicação (um pouco forçada, sem dúvida) do conceito de hiper-realidade de Baudrillard. Assim, os reality shows impõem o modelo panóptico como "natural e de entretenimento", como um verdadeiro fetiche; centram-se no sujeito reduzido à mera condição de objecto. Movimento paralelo aos blogs que nada mais são que diários.
Em segundo lugar, é preciso ver a premência e a utilidade de cada uma destas formas de comunicar, bem como a forma como a comunicação é estabelecida. Um reality show, por estar enquadrado dentro do género televisivo tem forçosamente de ter um tipo de comunicação que se diz de um-para-muitos. Ou seja, existe um fluxo unidireccional de informação (e até que ponto isto é realmente informação é algo largamente discutível) que é depois absorvido por um sujeito passivo, não-reflexivo, que está sentado em frente ao ecrã e que toma o que vê como se apresenta, com um valor de verdade e, pior, de validade que a mensagem de per si não possui. No sentido contrário, um blog permite, por predefinição, a comunicação de muitos-para-muitos: é um meio aberto a qualquer pessoa e, mais importante ainda do que isso, permite um feedback directo, claro, e na forma de uma mensagem equivalente à mensagem original. No caso dos reality shows, o feedback são apenas as audiências, números estatísticos dos quais se podem fazer elações mas que não têm um conteúdo em si; no caso dos blogs, qualquer pessoa pode (e DEVE!!) comentar o que o autor (o tal sujeito semi-artificial e semi-inexistente, a projecção de uma persona que corresponde a uma fracção de um sujeito real). Ora, como é lógico, a produtividade e a importância dos blogs para o desenvolvimento social - que é, afinal de contas, um grande objectivo meu, nunca esqueçamos isso - é muito maior. Note-se que, enquanto todas as mensagens produzidas em programas desses são sempre concordantes com a ideologia vigente, o blog pode ser usado como uma arma (da cultura que parte da ideologia vigente) para combater essa mesma cultura, essa mesma ideologia.

Assim, para concluir e resumir, temos os reality shows e blogs do tipo diário VS os blogs ideológicos. A inutilidade e futilidade contra a utilidade e a importância. É fácil perceber qual deve ser a nossa escolha quando estamos indecisos sobre o que fazer.

Prometeu
P.S. - Voltarei à questão do super-panóptico e dos problemas que causa/resolve. Um verdadeiro dilema, ou talvez não, se tivermos em conta que um dos princípios enunciados por Foucault acabar por auto-contradizer a estabilidade do sistema super-panóptico.

segunda-feira, novembro 22, 2004

RTP

O caso de José Rodrigues dos Santos é um bom exemplo de como se pode funcionar com um lobby, com interesses singulares em algo que deveria ser plural. Ou pode ser uma forma deste denunciar as pressões a que, alegadamente (mas não por ele), tem sido submetido. De qualquer forma, Portugal parece ter nojo a quem trabalha em condições e quem se esforça para melhorar. Assim não é possível sair da menoridade, da mediocridade da existência que levamos como país.

Não quero ser pensado como nacionalista, como está bom de se ver, mas tudo isto denota um espírito típico da forma como as coisas são conduzidas a uma escala macroscópica, se pensarmos bem nos paralelismos que podemos fazer neste caso em relação ao funcionamento de base da política no seu estado presente.

Prometeu

Comunicar - problematização

A problemática da comunicação é uma questão recente da sociedade Humana e, em muito pouco tempo, tem-se revestido de diferentes problemas e concepções. Agora, em plena pós-modernidade, há mais coisas a considerar no problema comunicacional e na forma como isso afecta os sujeitos que comunicam. Aqui.

Prometeu

domingo, novembro 14, 2004

Mudar

Mudar - Uma perspectiva dinâmica de ser Humano.

Prometeu

domingo, novembro 07, 2004

Alteração de forças

O que se passa é extremamente simples. Existe aqui uma mudança radical e crescente da balança do poder. Com a doença de Arafat e a reeleição do Grandioso Bush, a situação para os palestinianos - que, no fundo, é a razão para o terrorismo, etc... - só se pode agravar. O que quer dizer que o abuso israelita vai continuar cada vez mais impunemente. A ninguém interessa resolver o problema do terrorismo na raiz: na questão israelo-árabe.

Prometeu

quarta-feira, novembro 03, 2004

O Bush ganhou! Já estava à espera, mas mesmo assim... QUASE custa a acreditar na estupidez daquele povo!

ASSIM NÃO DÁ!!!

Furiosamente,
Prometeu